País Hoje, Colônia Amanhã.

 

Posicionamentos da Petrobrás sobre fertilizantes

Janeiro de 2014 – Somos a maior produtora de fertilizantes nitrogenados do Brasil. Com a aquisição da Fafen-PR, reforçamos essa área em alinhamento com o Plano de Negócios e Gestão 2013-2017. Possuímos mais duas fábricas: a Fafen-SE, com capacidade de produção de 657 mil toneladas/ano de ureia e 456 mil toneladas/ano de amônia, e a Fafen-BA, com 474 mil toneladas/ano de ureia e 474 mil toneladas/ano de amônia.

Atualmente, estamos investindo em novas unidades a fim de acompanhar o crescimento do mercado. Em Três Lagoas (MS) está sendo construída uma planta que entrará em operação em setembro de 2014 com capacidade para produzir 1,2 milhão de toneladas/ano de ureia. No município de Laranjeiras (SE), está sendo construída uma planta de sulfato de amônio com capacidade para produzir 303 mil toneladas/ano, que começará a produzir ainda este ano. Duas outras unidades, uma em Uberaba (MG) e outra em Linhares (ES), estão em estudo.

Março de 2018 – Até o final do primeiro semestre deste ano, as fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), localizada no polo petroquímico de Camaçari, e de Sergipe (Fafen-SE), na cidade de Laranjeiras serão hibernadas. A iniciativa faz parte do processo de saída integral da produção de fertilizantes, conforme anunciado pela companhia em setembro de 2016.

Agosto 2020 – Concluímos a transmissão de posse para o arrendamento das fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA) e de Sergipe (Fafen-SE) para a Proquigel Química. Esta é a última etapa para a transferência de controle dos ativos, após as licenças e autorizações exigidas pelos órgãos reguladores. Além das fábricas, o acordo inclui a promessa de subarrendamento dos terminais marítimos de amônia e ureia no Porto de Aratu, na Bahia.( https://www.cut.org.br/noticias/petrobras-desmonta-setor-e-brasil-fica-refem-dos-fertilizantes-da-russia-ca8c)

 

A importação brasileira de fertilizantes, em 2021, alcançou a incrível marca de 415 milhões de toneladas, com dispêndio de divisas de US$ 15,2 bilhões.

Dos macronutrientes Nitrogênio, Potássio e Fósforo, dependemos da importação desses dois últimos. Poderíamos, entretanto, ser autossuficientes nos compostos nitrogenados, a maior parte, cuja fonte é a cadeia petroquímica.

Somos autossuficientes na extração de petróleo e praticamente já fomos no refino. Essa é a parte triste de nossa história.

Com o golpe de 2016 formulou-se, sob a batuta do gestor do apagão, o tal de Pedro Parente, a destruição da Petrobrás, dentro do modelo neoliberal defendido pelo grupo traidor, com o qual o referido tem afinidade comercial e ideológica.

Nesse contexto está a revogação do Marco do Petróleo, que seria a redenção para o desenvolvimento social do Brasil, com destinação dos royalties à Saúde e Educação, e atual política de paridade internacional aos preços, como se o Brasil simplesmente não produzisse petróleo em seu território e o petróleo não fosse uma riqueza nacional, mas de terceiros.

O resultado está aí sendo esfregado às fuças dos liberais e de toda sociedade: uma drenagem nunca vista de recursos de toda a população para os poucos detentores do capital da Petrobrás. E que formam a maioria, embora a União ainda detenha o controle acionário, é minoritária no capital total.

Mas a traição vai além.

Na impossibilidade de promover a transferência do controle acionário ao mercado internacional, por questões políticas e por ser necessária aprovação pelo Congresso, o governo em boa hora decidido pelo STF – esse mesmo governo militar, que se autodefine como Brasil Acima de Tudo – sucateia a Petrobrás com a intenção de reduzi-la mineradora de petróleo, sem se envolver na cadeia de refino e na petroquímica.

O filé é servido ao capital.

 Acontece que o segmento petrolífero é estratégico, o abrir mão de seu direcionamento é criminoso. Mas é esse o caminho que o governo militar do Brasil Acima de Tudo percorre. Agora estamos pendurados na broxa (do francês brosse), nada a ver com os governantes da Junta.

FAFEN/PR

No contexto da demolição, temos fechada uma planta industrial capaz de, sozinha, suprir 30% da necessidade de uréia e amônia do Brasil varonil. A FAFEN/PR. Ainda da Petrobrás, mas fechada, entregue às moscas e baratas.


FAFEN/SE



FAFEN/BA




Outras duas plantas, a FAFEN/BA e FAFEN/SE, foram arrendadas à Unigel, que opera com a seguinte estratégia:


“Fabricamos uma ampla gama de produtos que são essenciais para diversas indústrias, que vão desde a construção civil, até agricultura, bens de consumo e vestuário, mineração, automotivo, entre outros. Alguns de nossos produtos são focados no mercado interno, e outros no mercado internacional; também temos produtos cuja demanda se correlaciona com a performance da economia local, e outros de natureza anticíclica, que apresentam bom desempenho em momentos de instabilidade econômica.

Nosso portfólio diversificado nos permite explorar vendas em múltiplos segmentos de negócio, nos mercados locais e internacionais, nos adaptando a diferentes situações cambiais e explorando os níveis de preços internacionais que nos oferecem os melhores spreads. Com isso, mantemos níveis de receita e de lucratividade consistentes.” (https://www.unigel.com.br)

É claramente perceptível que a empresa privada, e nem poderia ser diferente, busca equilibrar-se no mercado externo e no interno. Se em algum momento fosse necessário priorizar o mercado interno em detrimento do externo, essa priorização não aconteceria e a empresa continuaria tentando operar com o  “hedge”.
É o grande problema da privatização de segmentos estratégicos. Junto com o controle, entregam-se decisões vitais ao Brasil.

UFN/Três Lagoas-MS
 Por último, em Três Lagoas-MS, estava em   construção ainda no deposto governo Dilma, a   Unidade de Fertilizantes Nitrogenados. Com a   política Temer/Bolsonaro, essa unidade já com   80%  da planta construída e que produziria sozinha   1,3 milhões de toneladas/ano de uréia e 800 mil de   amônia, foi vendida para o grupo russo ACRON.
 No ano passado, o preço internacional desses   compostos subiu 200%.

Como utiliza matéria prima nacional e com custos em reais, isso poderia significar uma vantagem competitiva ao agronegócio brasileiro.
Em vez disso, damos de bandeja uma fonte bilionária de lucros ao capital.
É assim que se desmancha um país, é assim que se coloniza uma nação. Tirando sua capacidade de sustento.

Mas não para por aí.
Ontem um ser execrável por suas atitudes, o que defendia a tese do passar a boiada aproveitando a pandemia, fica a alardear que a Amazônia detém grandes reservas de potássio, um dos macronutrientes que o Brasil importa.
Portanto, dane-se a floresta e azar dos povos originários constitucionalmente reconhecidos. Arrume-se um general ou dois que se prestem a ser agentes comerciais de mineradoras canadenses ou australianas, bote-se a floresta abaixo e a substitua
por crateras, poluam-se e assoreiem-se os rios.
Assim, podem-se exportar essas reservas conforme o interesse do minerador. Não é diferente com o que fazemos com cadeia petroquimoca.
O capital precisa faturar, os exterminadores do futuro, paisanos ou generais, também.
O Brasil pode ser colônia enquanto dure.

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