Não é o que Parece

Não resta dúvida, passados mais de três anos da posse presidencial, que o programa econômico pressupunha o desmonte do Estado e seus braços estratégicos. Por má-fé, por traição, por venalidade, por grana viva, por compromissos ou até por ideologia mesmo. O fato é que o desmonte da Petrobrás  adquiriu, desde o primeiro dia do comando do tal Posto Ipiranga que se mostra agora em sua verdadeira grandeza de Lojinha de Conveniência, uma dimensão superlativa, maior até do a que a do genro do FHC e sua Petrobrax.
Se a Petrobrax não passou, o acento em Petrobrás foi suprimido. Acentuação não existe em inglês, muito menos haveria em oxítonas terminadas em as, como em português. 
Pouco se me dá, eu continuo usando Petrobrás com acento e respeito.

Há uma operação psicológica em curso, a Petrobrás tem história no imaginário popular, um orgulho remanescente. Talvez pela primeira vez, desde a subordinação ao V Exército de Mark Clark, o movimento popular contrariou os interesses externos, foi motivo de sublevações e insubordinações, motivou o suicídio de um presidente popular, o que adiou por uma década o golpe que viria só em 64. Tudo isso envolveu a criação da Petrobrás, num país ainda que se dizia sem petróleo, mas que ainda assim bradava cheio de esperança, nas ruas, praças universidades, sindicatos, cujo grito ecoava nas vielas, vilas, zonas e igrejas: O Petróleo é Nosso!
Somam-se a isso as realizações inegáveis, a descoberta de jazidas, o desenvolvimento de tecnologia, a capilaridade nacional, a construção de uma indústria petroquímica, a autossuficiência na produção e quase no refino, as incursões nos mercados internacionais, o renascimento da indústria naval, a inversão de país importador para exportador de petróleo. Tanta coisa por trás da logo com um BR destacado. De Petrobrás. BR de Brasil.
Cá pra nós, não é fácil destruir o que três gerações se orgulharam. É necessário muito empenho, muito convencimento.

A combinação do neoliberalismo arcaico e alienado com um conjunto de marechais entreguistas, que assumiu o poder vestindo a máscara de um capitão insubordinado  e parlamentar picareta, desencadeou a operação psicológica para quebrar a imagem da Petrobrás, a par de seu desmonte empresarial. 

Nesse contexto está a política de atrelamento dos preços ao consumidor às cotações internacionais, como se o combustível fosse importado das arábias, não extraído e refinado por aqui. Como se o petróleo não fosse um bem nacional, mas de propriedade de quem o extrai. É uma forma de furto, de esbulho, mas isso comento outra hora. 
O fato é que, só relativamente ao ano passado, foram drenados R$ 106 bilhões da sociedade para os acionistas. Fosse esse dividendo aplicado no interesse dos donos do petróleo, talvez hoje a gasolina custasse algo em torno de R$ 2,50/litro, Não R$ 8,00.
A cada vez que se abastece a imagem da Petrobrás é arranhada. Um processo contínuo.

E aí entra o presidente colocando a culpa na Petrobrás, que ele vítima, está de mãos amarradas, nada pode fazer. Mentiroso!

Declara que a gasolina no Brasil é a mais barata do mundo. Que cara de pau.
https://www.metropoles.com/brasil/a-gasolina-mais-barata-do-mundo-e-a-nossa-diz-bolsonaro

Notam como ocorre a demonização da Petrobrás?
Por que o presidente não explicita, quando se faz de vítima impotente, que ele designou um dos marechais para comandar a Petrobrás? Que o Ministro de Minas e Energia e o próprio ministério foram inundados de militares designados por ele, ainda que a mando de seus verdadeiros comandantes?

Tudo isso faz parte do desmonte planejado e cumprido à risca. O que ainda eu não entendi , ou entendi mas não aceitei completamente, é a traição dos patriotas marechais.
Tudo bem, estão auferindo benefícios financeiros no curto prazo, mas será o suficiente para enriquecerem a ponto de esquecerem quem lhes paga o salário de todos os meses, mesmo que a farra acabe?
Quando não existir mais Brasil, com a competência que demonstram, não conseguirão nem virar guarda de quarteirão nas GCM.
Gente de empáfia muita e moral pouca.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinismo ou Hipocrisia Raiz?

País Hoje, Colônia Amanhã.

Síndrome de Rambo